Quem foi Hermes Trismegisto?

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Quem foi Hermes Trismegisto?

Hermes Trismegisto foi um lendário personagem de tempos muito antigos, um alquimista e um mago, reverenciado como mestre do conhecimento e tradicionalmente considerado o autor do Corpus Hermeticum.

Hermes Trismegisto é a pedrafundamental da filosofia do Hermetismo. Pode-se dizer que nele se enraízamtodas as correntes de pensamento herméticas.

Significado do seu nome Hermes Trismegisto

Hermes Trismegisto significaliteralmente “Hermes três vezes grande”.

Este nome pretendia assimilar Hermes / Mercúrio o deus greco-romano da comunicação e mensageiro dos deuses, a Thot, o deus egípcio das letras, dos números e da geometria, um deus de sabedoria e erudição.

Como era costume dos egípciosrepetir o adjetivo “grande” junto com o nome das divindades, Hermes foi,portanto, precisamente indicado como três vezes grande (tris-megisto), com afinalidade de salientar sua grandeza espiritual.

De acordo com o estudioso do século XVII, Athanasius Kircher:

“Os árabes o chamam de Idris, do hebraico Hadores (…), para os egípcios Thot, mas também o chamaram de Ptha, e os gregos de Hermes Trismegisto.”

Hermes Trismegisto: Origens

Especialmente durante o helenismo, período que se deu após a conquista do Egito por parte de Alexandre, o Grande, que acabou levando a uma mescla entre costumes gregos e egípcios, Hermes foi associado a Thot, tornando-se um deus presente na tradição egípcia.

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Ambos estão a serviço de umadivindade superior (Hermes é o mensageiro de Zeus, Thot é o escriba de Osíris);Hermes é o deus da palavra através da comunicação e Thot é o deus da palavra eda literatura; ambos são psicopombos, ou sejam, escoltam as almas dos mortospara o submundo.

Hermes e Thoth também são, emsuas respectivas culturas, os deuses da escrita e da magia.

No período do Império Romano,tivemos um processo de assimilação das divindades gregas e egípcias, que semisturaram aos deuses romanos.

Hermes Trismegisto então foiidentificado por algumas correntes como o deus que revelou uma verdade superioraos homens e como o mediador entre homens e deuses.

Clemente de Alexandria acreditava que os escritos sagrados de Hermes eram quarenta e dois e que continham o núcleo dos ensinamentos de formação dos antigos sacerdotes dos faraós,

Siegfried Morenz sugere a esserespeito que a referência à autoridade de Thot se baseava em uma tradiçãobastante antiga, e que o número “quarenta e dois” provavelmente derivou donúmero de nomes egípcios de Thot.

Jambílico atribuiu inúmeras obras de grande antiguidade e imensa importância a Hermes, e essas obras seriam muito antigas, ainda anteriores a Pitágoras e Platão, que teriam extraído desses textos parte de suas filosofias.

A origem egípcia das doutrinas herméticas foi confirmada mais tarde por alguns estudiosos atuais, como Martin Bernal.

Hermes Trismegisto: O Corpus Hermeticum

Um grande grupo de escritosiniciáticos e filosóficos foi atribuído a este notável iniciado.

Esses textos foram coletados naera bizantina, no que ficaria conhecido como Corpus Hermeticum, partedos quais também foi encontrada entre os manuscritos de Nag Hammadi.

Como um todo, a “literaturahermética” é uma categoria de papiros que contém textos sobre magia eprocedimentos de iniciação.

No diálogo de Asclépio (o deusgrego da saúde e da medicina), que é parte do Corpus Hermeticum, édescrita, por exemplo, a arte de telestiké, que consiste em pretneder ouaprisionar anjos ou demônios dentro de estátuas, com a ajuda de ervas, pedraspreciosas e perfumes.

Métodos para fazer essas figurasfalarem e profetizarem também são descritos.

Em outros papiros, existem fórmulaspara construir artefatos e animá-los. Além disso, os textos herméticos sãogeralmente divididos em duas categorias: filosófico e técnico.

O corpo hermético termina com o“lamento de Asclépio”, que denuncia o abandono da religião egípcia porque osignificado espiritual da mesma foi perdido.

Segundo esse antigo texto, houveum tempo em que os sacerdotes eram capazes de fazer as estátuas falarem porquecontatavam o divino.

Os sacerdotes tinham sucesso nisso porque eram os mediadores entre o divino e o sensível. Com o tempo, essa espiritualidade desapareceu e os sacerdotes não mais entendiam a mensagem divina através das estátuas.

Os sacerdotes tornaram-se “maus”(perdendo a espiritualidade) e suas estátuas foram destruídas, desfeitas emmuitas partes: as estátuas são agora apenas pedaços de pedra.

Este relato simboliza atotalidade da perda do significado espiritual das coisas e o fim de um mundo.

A partir daqui se desenvolve aexpectativa de uma nova espiritualidade, a expectativa de algo novo.

Alguns consideram o Lamento comoum antecipador dos temas do Apocalipse.

Também se fala de uma teologianegativa: segundo esse ponto de vista, a teologia positiva não é a adequadapara se apreender sobre o Absoluto, pois surge da capacidade distintiva darazão, que se move na pluralidade e na diversidade, diferentemente da Essênciaque é a unidade e a igualdade total.

Nomear Deus com nomes que seoriginam do mundo sensível pode nos fazer cair na idolatria.

Hermes Trismegisto disse: “ComoDeus é o universo das coisas, nenhum nome é apropriado para ele, pois Deusdeveria ser chamado por todos os nomes ou todas as coisas deveriam ser chamadaspor seu nome.”

Isso significa que nenhum nomepode ser atribuído a Ele.

Então, a partir da teologiapositiva que nomeia Deus com base nas definições e propriedades provenientes domundo sensível, passamos à teologia negativa: nenhum nome pode nomear Deus

Nicolau Cusano elaborou essesaspectos do pensamento de Hermes em sua obra de 1400, “A ignorância aprendida”,em que se afirma que os nomes são apenas conceitos aproximados sobre Deus,porque ele é infinito e está além do que as palavras expressam.

Em1453, durante uma viagem à Macedônia, ao passar por Constantinopla, o mongeitaliano Leonardo da Pistoia descobriu catorze livros originais, pertencentes aMiguel Pselo, de uma obra que remonta ao século 11, escrita em grego com o nomede Hermes Trismegistus e intitulada Hermetica.

Devolta à Florença, o monge Leonardo entregou esta obra a Cosimo de’ Medici, queem 1463 pediu a Marsilio Ficino para traduzi-lo do grego para o latim. Assimteríamos a versão renascentista do Corpus Hermeticum.

Este texto foi a grande fonte de inspiração para o pensamento hermético e neoplatônico do Renascimento.

Hermes Trismegisto e o cristianismo

Lactâncio,conselheiro do imperador Constantino I, tratou de Hermes durante o início daera cristã.

Seuestudo sobre o Trismegisto foi uma influência decisiva para a históriaposterior, uma vez que, no Concílio de Niceia em 325, ele debateu sobre anatureza do Filho de Deus e teria vencido a doutrina hermética.

Apartir daí o hermetismo se tornou algo marginal e paralelo à corrente depensamento cristã católica predominante.

Mesmo assim o hermetismo teve uma influência significativa na cultura medieval e renascentista.

Asobras atribuídas a Hermes Trismegisto tinham grande crédito entre osintelectuais e eram muito populares principalmente entre os alquimistas, queacreditavam que seu autor havia sido um “homem sábio” que realmente tinhaexistido e vivido no Egito Antigo.

Segundo alguns pensadores da época, o Trismegisto teria sido um dos filhos do próprio deus Hermes.

Já na cabala do período renascentista, imaginava-se que ele fosse um personagem contemporâneo a Moisés e que teria comunicado aos seus seguidores uma sabedoria paralela à do patriarca bíblico.

HermesTrismegisto nos tempos modernos

Nostempos modernos, Hermes Trismegisto é considerado por muitos ocultistas como opatrono das ciências antigas da astrologia e da alquimia.

Teriasido, segundo alguns, o primeiro alquimista de que se tenha notícia a pisarsobre a Terra.

Ainfluência da figura de Hermes é tão grande que ele também aparece em muitoslivros de literatura de ficção.

Noromance de Stefano Benni, “Elianto”, ele tem a tarefa de inventar as leis danatureza e de montar os animais a partir de uma caixa de montagem que contém peçasfornecidas por Deus.

HermesTrismegisto é frequentemente citado no romance “O Pêndulo de Foucault”, deUmberto Eco.

Eseu nome também aparece no romance “Picatrix”, de Valerio Evangelisti, e emmuitos contos e romances de H.P. Lovecraft.

Há quem diga que ele nunca tenhaexistido, que tenha sido na verdade uma figura simbólica inventada pordiferentes iniciados. Ou que tenha existido, mas que nem todas as obras sob oseu nome sejam de sua autoria. Afinal, até o século XIX, era comum muitosescritores usarem nomes de grandes autoridades e sábios do passado, em lugar dopróprio nome, para darem mais valor aos seus escritos.

De qualquer forma, o que mais importa é que os ensinamentos de Hermes são válidos para o crescimento espiritual humano, e que são um grande tesouro de sabedoria, uma valiosa herança de um ou mais sábios do passado para a humanidade.

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