Mãe D’Água, Rainha das Ondas, Sereia do Mar…Iemanjá

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Iemanjá, Sereia do Mar, Mucunã, Princesa de Aiocá, Ísis, Inaé, Janaína, Maria, Princesa ou Rainha do Mar. Todas essas denominações se referem a Yemanjá. Uma das divindades femininas mais importantes das religiões de matriz africana Umbanda e Candomblé.

No dia 2 de fevereiro é comemorado o dia de Yemanjá no Brasil. A maior festa em homenagem a ela ocorre em Salvador na Bahia, onde os fiéis vestidos de branco realizam procissões e Banho de Pipoca para limpeza espiritual. Em outros locais do país, como São Paulo, a data de comemoração é 8 de dezembro. Na noite de 31 de dezembro, reveillon, é comum nas praias do Rio de Janeiro os fiéis ofertarem presentes em barcos no mar.

No sincretismo religioso brasileiro, Yemanjá é associada à Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade, e, até mesmo, à própria Virgem Maria, da religião Católica. Esse sincretismo teve origem no século XVIII resultado do choque entre as religiões oriundas do continente africano e o catolicismo europeu introduzido no Brasil.

As cores associadas a Yemanjá são o azul claro, o prata e o branco. As saudações utilizadas para a divindade são Odoyá (Mãe das Águas) e Odociaba (Rainha da Águas Sagradas).

A lenda de Yemanjá

Filha de Olokum, Iemanjá casou-se com Oduduá e teve dez filhos Orixás – fato que contribuiu, de acordo com a lenda, para que seus seios se tornassem fartos por causa da amamentação. Por ser mãe de quase todos os Orixás ela é associada a fertilidade.

Após separar-se de Oduduá por estar infeliz no casamento, ela se apaixonou pelo rei Okerê. Mas, de acordo com os contos, a história deles foi marcada por decepções. Certo dia, após beber, Okerê se referiu aos seios de Yemanjá de maneira pejorativa, o que fez com que ela se decepcionasse e fugisse.

Nessa fuga ela utilizou uma poção dada por seu pai – quando ela ainda era criança – que a ajudava a sair de situações de perigo. Assim, ela transformou em um rio que foi de encontro ao mar.

No entanto Okerê não aceitou sua partida e resolveu transformar-se em uma montanha para interferir no curso do rio. Mas Xangô, filho de Yemanjá, a ajudou abrindo passagem de forma que ela seguisse o caminho até o mar.

Qualidades de Yemanjá

  • Yemanjá Asagba ou Sobá: utiliza uma corrente de prata no tornozelo, carrega um Abebé (espelho em formato de leque), veste branco e prata. Está ligada a espuma branca do mar e dos rios. É responsável por fiar algodão.
  • Yemanjá Akurá: aparece vestida com o lodo do mar e coberta de algas marinhas. Vive nas espumas do mar. Possui forte ligação com a Orixá Nanã (dos pântanos e mangues, senhora da morte, responsável pelos portais reencarnação e desencarne).
  • Yemanjá Iyá Odo: considerada por alguns como a mãe de Oxum. Vive às margens dos rios. Está ligada ao Orixá Oxalufan.
  • Yemanjá Iya Awoyò: é a mais antiga das Orixás. Veste branco perolado e cristal. É responsável pelas marés. Está ligada a Oxalá, Oxumarê e Xangô.
  • Yemanjá Malèlèo ou Maylewo: veste verde claro e branco prateado. Vive nos grandes lagos. É considerada tímida. De acordo com a lenda não se pode tocar no rosto do Iyawò.
  • Yemanjá Iyá Ógunté: considerada uma guerreira. Usa uma espada, carrega um Abebé e veste azul claro e branco perolado. Possui ligação com Ogum e Oxaguian.
  • Yemanjá Sessu, Iyasessu: considerada respeitável e voluntariosa. Veste verde e branco. Vive nas águas agitadas da costa. Está ligada a Babá e Olokun.
  • Yemanjá Olossá ou Oloxá: veste verde-claro e contas branco cristal. Não possui iniciados no Brasil. Está ligada a Oxum e Nanã.

Filhos de Yemanjá

Os Filhos e Filhas de Yemanjá costumam apreciar o luxo e são um pouco exagerados. Possuem um plano de vida bem elaborado, grande equilíbrio e domínio emocional. Sábios e protetores estão sempre dispostos a ajudar e possuem um grande instinto maternal.

Oferendas para Yemanjá

Pedidos para Yemanjá, como para os demais Orixás, são acompanhados por oferendas oriundas dos praticantes do Candomblé ou da Umbanda. Em geral entregam-se a ela velas roupas, alimentos, rosas brancas, espelho, jóias e bijuterias, perfumes ( pensando na politica ecologicamente correta, hoje a maioria dos adeptos optam por proteger a natureza e desta forma agradando bem mais esta grande mãe, evitando ofertar o que não seja orgânico, inclusive os barcos já são ecológicos). Os presentes são entregues à beira-mar e os alimentos em um campo ou mata.

Oração para Yemanjá

“Doce, meiga e querida Mãe Yemanjá. Vós permitiste que no seio de vossa morada se formassem as primitivas formas de vida, que foram o berço de toda a criação, de toda a natureza e de toda a humanidade, aceitai nossas preces de reconhecimento e amor.

Que os lampejos que emanam de vosso diáfano manto de estrelas venham, como benéficas vibrações espirituais, aliviar os males, curar aos doentes, apaziguar os nossos irmãos revoltados, consolar os corações aflitos. Que as flores e oferendas que depositamos em vosso tapete sagrado, sejam por vós aceitas e quando entrarmos nas águas para vos ofertá-las seja as ondas do mar portadoras de vossos fluídos divinos. Fazei, Senhora Rainha das Águas, com que a espuma das ondas em sua alvura imaculada traga-nos a presença de Oxalá, limpe os nossos corações de todas as maldades e malquerenças. Que os nossos corpos, tocados por vossas águas sagradas, libertem-se em cada onda que passa, de todos os males materiais e espirituais. Que a primeira onda a nos tocar afaste de nossas mentes todos os eventuais desejos de vingança; que a segunda lave nossos corações e nosso espírito, para que não nos atinjam as infâmias e malquerença de nossos desafetos; que a terceira onda afaste a vaidade de nossos corações; que a quarta lave nosso corpo de todos os males e doenças físicas para que, sadios, possamos prosseguir; que a quinta onda afaste de nossa mente a ganância e a cobiça; que a cesta onda venha carregada de flores e que nosso maior desejo seja o de cultivar o amor fraternal que deve existir entre todos os homens; e que ao passar a sétima onda, nós, puros e limpos de mente, corpo e alma, possamos ver, ainda que apenas por alguns segundos, o esplendor de vossa radiosa imagem. É o que humildemente vos suplicam seus filhos.”

Odoyá rica mãe

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Aline Ferrão é Espiritualista sacerdote de Umbanda, dirigente do C.E.U Luzes de Aruanda em Gravataí/RS iniciada na cultura de Matriz Africana a qual representa como Yalorixá respeitando as práticas Ancestrais através dos Orixás. Domina a leitura de oráculos como Búzios e Baralho Cigano, direcionando as terapêuticas com o auxílio destas ferramentas. Conhecedora das Ervas e sua utilização no bem-estar de cada ser, assim como estudou e pratica as Técnicas de Reiki Usui, Reiki Xamânico juntamente com Apometria Cristica e Floral de Bach. Facilitadora nas terapias envolvendo a cura da Alma, com a utilização da Medicina Sagrada Ayahuasca. Médium ativa desde a infância, tem como propósito direcionar o seu trabalho dentro da espiritualidade expandindo seu conhecimento para o acolhimento de quem sentir o chamado espiritual. Em sua formação social é graduada em Pedagogia, tendo como sua área de interesse o desenvolvimento Humano.